quarta-feira, 5 de maio de 2010

Cine-Theatro Central: 80 anos de arte, cultura e superação

Matéria escrita por Mariana Franzini - 29/04/2009, quando das comemorações dos 80 anos do Cine Theatro Central


Há 80 anos, Juiz de Fora testemunhou a inauguração de sua mais bela casa de espetáculos, o Cine-Theatro Central. Templo da cultura na cidade, o teatro conserva em sua história os tempos dourados do cinema e o charme da década de 30, mas também o descaso e seu renascimento nos últimos anos do século XX.

Importante marco arquitetônico, o Central surgiu da necessidade de um grande teatro e cinema para a cidade. A partir da criação da Companhia Central de Diversões, em 1927, este sonho tomou contornos mais reais. Projetado pela Companhia Pantaleone Arcuri, o prédio foi erguido em meio a uma galeria e somente após alguns anos de sua abertura surgiu o projeto de criar um largo que deixasse à mostra sua fachada.

Toda a construção durou um ano e quatro meses. A fachada simples e discreta, no estilo art déco, se contrapõe ao esplêndido trabalho interno realizado pelo artista italiano Ângelo Bigi. O projeto de decoração de características neoclássicas, com a delicadeza de figuras míticas e paisagens oníricas é considerado a maior obra de artes plásticas em local público da cidade. As pinturas ornamentais têm sua beleza exaltada pela iluminação especial do teatro.

Retomada

Com o fim da Cia. Central de Diversões o teatro foi sendo gradualmente abandonado. Nos anos 1990, o prédio estava tomado por infiltrações e pelo esquecimento público. Waltencir Parizzi, um ex-funcionário da Companhia, resgatou livros que documentam o cinema do Central antes que fossem também tragados pelo descaso que se abateu sobre o teatro.

Oito meses foram necessários para trazer a construção de Raphael Arcuri de volta a vida, assim como as pinturas de Bigi, já muito deterioradas. Uma equipe de quatro especialistas de Belo Horizonte efetivou a reforma, orçada em R$ 2 milhões. Com o trabalho foram descobertas outras pinturas de Bigi, revelando parte desconhecida do patrimônio.

Foi necessário reparar as instalações elétricas (que apresentavam risco de curto-circuito) e trocar o telhado, além da reforma de banheiros, camarotes e poltronas, deterioradas pelo tempo. Em novembro de 1996, o Cine-Theatro Central foi reaberto e inaugurou um novo capítulo de sua história.

Comemorações

Hoje, sob a coordenação da Pró-Reitoria de Cultura da Universidade Federal de Juiz de Fora, o Cine-Theatro Central oferece à cidade uma série de eventos gratuitos em comemoração aos seus 80 anos.

O lançamento da programação do aniversário do teatro, no dia 26 de março, reuniu a compositora juizforana Sueli Costa e sua sobrinha, Fernanda Cunha, em um show intimista no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM). No dia 30, foi a vez de Emmerson Nogueira subir ao palco do Central. Os dois shows foram abertos ao público. Outro evento inserido nas celebrações do Cine-Theatro foi a apresentação da Orquestra Francesa de Sopros de Nord-Pas de Calais com a Orquestra Pró-Música. Os dois grupos executaram músicas francesas e brasileiras. A execução de “Trem das onze”, de Adoniran Barbosa, foi o ponto alto da noite.

Segundo o supervisor administrativo do Central, Marcelo Rodrigues, o grupo teatral Giramundo é a próxima parte deste ciclo de comemorações, com apresentação marcada para 8 de maio, também no Central. A trupe de Belo Horizonte traz à cidade a magia do teatro e dos bonecos, sua marca registrada, com o espetáculo Giz. Estão previstos ainda a apresentação do grupo de teatro Ponto de Partida, o lançamento de um livro e a produção de filmes que retratem curiosidades sobre as oito décadas de história do teatro.

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