terça-feira, 4 de maio de 2010

A sétima arte e o desenvolvimento da cidade

Com certeza que o Central estava lotado naquela noite da exibição de ''Rose Marie''

(Texto extraído do site www.jfempauta.com)

Em meio a tantas modernidades, falar da história do cinema em Juiz de Fora é relembrar os tempos em que uma simples exibição de filme se transformava em espetáculo. A imagem descrita por muitos que presenciaram esses tempos era a de filas e filas nas portas das salas de exibição. Juiz de Fora era um pólo importante desde o século XIX. Segundo registros históricos, a primeira exibição de películas no estado de Minas Gerais ocorreu em Juiz de Fora a 23 de julho de 1897, com a apresentação do Cinematographo Lumière, pela Cia. de Variedades do português Germano Alves. Assim a história do cinema começou a ganhar força na cidade. Até os anos 30, só havia apenas uma sala de exibição, o chamado Politheama. O objetivo da sala, que mais parecia um circo, era trazer para a cidade as companhias de cinema, teatro, ópera e balé que se apresentavam no Rio de Janeiro e em São Paulo. Porém, a estrutura do lugar não facilitava este objetivo. Foi aí então que famílias ricas residentes na cidade resolveram construir um espaço adequado, que fosse digno das ambições da época. Em 1930 foi construído o Cine-Theatro Central. Logo na primeira semana, foram exibidos três filmes diferentes. Artistas consagrados passaram a se apresentar no palco do espaço, que ora era cinema, ora era teatro.

Logo após a construção do Central, catorze salas de cinema foram inauguradas na cidade: Excelsior, Palace, Festival, Glória, Popular, Rex, Para Todos, São Luís, Benfica, Auditorium, Real, Paraíso, Instituto Jesus e São Mateus. O cinema se tornou uma febre na cidade. Além de se tornar um lugar de diversão, as salas também serviam para que os namorados se encontrassem. Não havia vida noturna como hoje, como muitas opções de bares, por exemplo, e a maneira dos apaixonados driblarem a rigorosa vigília dos pais, era se encontrarem nos cinemas. Para Estevão Casali, que trabalhou com projeções no Cine São Mateus e hoje trabalha na Funalfa, o cinema era uma forma de se mostrar na sociedade: “As pessoas iam aos cinemas bem vestidas e queriam ser notadas. Era um lugar de muitos encontros.”

Os espectadores que freqüentavam os cinemas eram bem ecléticos. Havia gente de todas as classes sociais, idades e estilos. Com isso, cada cinema começou a se especializar em exibir filmes de um gênero. O Cine Central adotava uma programação que contava com filmes de aventura e ação, voltados para as classes média e baixa. O Palace exibia romances e dramas. Em algumas salas também havia sessões especiais para mulheres, além de matinês para crianças. Estevão conta que durante a época de trabalho na região do São Mateus, os principais filmes eram os chamados “filmes de arte”. “Os cinemas de arte tinham poucas cópias e precisavam rodar o país inteiro. A gente tinha que ter mais cuidado na hora da projeção. Nessa época foi uma explosão de filmes italianos e as primeiras versões de bang-bang. As pessoas gostavam de ver coisas diferentes, inclusive tinha também muito filme chinês”, completa.

O cinema pós TV

Após o pioneirismo nos trabalhos de João Carriço e os grandes momentos vividos pelo cinema em nossa cidade e no país, a sétima arte começou a sofrer com o advento da televisão. Como as salas de exibição não eram mais o único lugar de distribuição cinematográfica, as pessoas deixaram de assistir os filmes para acompanhar folhetins e histórias transmitidas pela TV. Com isso, os ingressos dos cinemas começaram a ficar mais caros e as salas mais vazias. O que antes era glamuroso, acabou se tornando um evento esporádico, sem muitos atrativos. Mesmo com a decadência, nos anos 80 surgiu em Juiz de Fora o Cine Veneza, que tentava resgatar a tradição dos cinemas de rua. Porém, alguns anos depois, por falta de público, as salas tiveram que ser fechadas. Dos antigos cinemas, o Cine São Luís é o único que continua funcionando. Inicialmente ele exibia filmes nacionais, mas hoje se dedica ao circuito pornográfico.

Atualmente o cinema se tornou mais comercial e deixou o glamour, de outros tempos, para trás. Hoje em Juiz de Fora, assim como na maioria das cidades brasileiras, as exibições são feitas em cinemas chamados Multiplex. Com três ou quatro salas, exibindo filmes diferentes e com maior possibilidade de horários. Além disso, a rotatividade de filmes é maior, com estréias semanais, fazendo com que os grandes distribuidores lucrem mais nas bilheterias. Aqui as salas estão no Independência Shopping, gerenciado pelo UCI Kinoplex, no Shopping Santa Cruz e no Cine Arte Palace, que ainda luta para se manter aberto. Recentemente foram fechadas cinco salas de projeção que funcionavam no Alameda Shopping.

(Os meus agradecimentos ao site http://www.jfempauta.com/)

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