terça-feira, 4 de maio de 2010

QUEM FOI JOÃO CARRIÇO?


João Gonçalves Carriço nasceu em Juiz de Fora no ano de 1886, vindo a falecer em 1959. Foi um dos pioneiros do cinema brasileiro.

Inaugurou na cidade de Juiz de Fora, em 1927, o Cine Teatro Popular, dotado de 500 lugares, cujo objetivo era promover diversão a preços populares.

Fundou em 1934 a Carriço Film, passando a produzir cinejornais e documentários, que retratavam a vida social e política da cidade: as visitas do presidente Getúlio Vargas a Juiz de Fora, comícios políticos, festas populares e religiosas, eventos esportivos, além das primeiras experiências de transmissão de televisão em Juiz de Fora.

A Carriço Film encerrou suas atividades em 1959, quando da morte de João Carriço. Seu acervo encontra-se na Cinemateca Brasileira em São Paulo. O Cine Teatro Popular continuou em funcionamento até 1966.

Com o sucesso das salas de cinemas, um grande nome surgiu no cenário regional: João Gonçalves Carriço (1886-1959). Durante os anos 30, 40 e 50, Carriço produziu cinejornais e documentários que cobriam principalmente a vida social e política de Juiz de Fora. Porém, as filmagens não se limitavam a comícios, eram registradas também manifestações populares, como o Carnaval, jogos de futebol, obras públicas, inaugurações de cinemas, atividades do Aero Clube de Juiz de Fora, entre outras.

Tudo começou quando, no final da década de 20, Carriço montou uma sala de exibição para trabalhadores: o Cine Theatro Popular. A intenção era promover uma diversão barata e democrática para as pessoas que gostavam de cinema e que não podiam gastar muito com o entretenimento. Além de exibir os filmes, Carriço queria levar aos espectadores informações sobre a cidade e região. Assim ele começou a editar jornais que o público conferia antes das exibições em seu cinema e acabou entrando para a história do cinema mineiro como o pioneiro na produção de cinejornais.

Segundo a pesquisadora e autora do livro “Cinejornalismo e Populismo - Ciclo da Carriço Film em Juiz de Fora”, Martha Sirimarco, as preocupações de Carriço na época são atuais: “Carriço se preocupava com preço do ingresso, produção e distribuição do filme brasileiro. Ele fez até um documentário dedicado à primeira lei de proteção ao cinema nacional, assinada por Getúlio Vargas.” Martha ainda destaca a qualidade do material que o cineasta produzia: “Qualidade técnica de filmes em 35mm e domínio da linguagem cinematográfica são outros quesitos importantes a serem observados na obra da Carriço Film.”

João Carriço atuou como cartazista, cenógrafo, fotógrafo, exibidor e produtor cinematográfico, além de ter como curiosidade a função de também comandar uma funerária. O cineasta morreu em 1959 e o último cinejornal produzido por sua empresa foi o do seu próprio enterro, com imagens feitas por seu filho, Manuel Carriço. Após a morte do pai, ele ainda continuou comandando o Cine Popular, mas em 1966 o cinema, conhecido como “amigo do povo”, foi fechado.

Para a jornalista Martha Sirimarco, Carriço tem grande importância tanto para o cinema nacional, como para a memória histórica e cinematográfica, como também para Juiz de Fora, como memória eloqüente da cidade. Segundo ela, o cinema para Carriço era instância de entretenimento e também de educação: “Existe uma geração que conheceu o cinema e não apenas o cinema americano, mas o europeu, russo, entre outros, graças às projeções do Cine Popular. Essa base cultural se refletiu nas gerações de Juiz de Fora. Ainda que a cidade tenha esquecido um pouco o legado de Carriço, seus filmes são prova de que Juiz de Fora teve o seu pioneiro cinematográfico. Foram cerca de 500 cinejornais e documentários mas sobraram apenas uns 270″. Atualmente, todo o acervo da Carriço Filme foi catalogado e se encontra na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário